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A BRILHANTE TRAJETÓRIA DA CIENTISTA MARIE CURIE

Marie Curie, foi a cientista que descobriu o Polônio e o rádio, sendo a primeira mulher a fazer doutorado na França, ganhando não apenas um prêmio Nobel em sua vida, mas dois, por seu trabalho inovador em radioatividade.


Você pode imaginar o quão difícil deve ter sido para as mulheres perseguirem os seus sonhos durante o século XIX? Marie Sklodowska Curie (figura 01) foi pioneira, não apenas por sua coragem e determinação, como também por suas descobertas científicas. E ela foi reconhecida por isso, apesar de todo preconceito contido em uma sociedade sexista e conservadora: ela foi a primeira mulher a ganhar o primeiro Prêmio Nobel de Ciências e a primeira pessoa a ganhar duas vezes.


Figura 01. Marie Sklodowska Curie em seu laboratório. Fonte: Reprodução da Internet


Maria Salomea Skłodowska nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 7 de novembro de 1867, uma época de muita opressão do povo polonês, cujo país dividia-se entre o domínio da Alemanha e a Rússia. Era a mais nova dos 5 filhos de Bronisława Boguska e Władysław Skłodowska, um casal de professores idealistas e patriotas. Esse espírito de independência da Polônia, também compartilhado por outros componentes da família, os ligaram a vários movimentos separatistas e, por isso, sofreram várias represálias do governo russo, que dominava aquela parte do país. Dentre estas, o seu pai foi demitido por manter um envolvimento em defesa dos poloneses. Isso o obrigou a aceitar trabalhos com baixa remuneração, fazendo a família se sustentar através do aluguel de quartos da sua casa. As más condições de vida em que viviam acabaram por fazer Marie, com apenas 7 anos de idade, a perder a irmã mais velha, vítima de tifo, e sua mãe 3 anos depois, de tuberculose.


Mesmo diante de todas as dificuldades Marie estava determinada a seguir uma carreira científica. Desse modo, a jovem fechou um acordo com sua irmã Bronya, concordando em ajudá-la financeiramente em seus estudos na França trabalhando como governanta, na expectativa de sua irmã ajudá-la no futuro. Bronya, por fim, ajudou Marie a se mudar para Paris e se matricular na prestigiada Sorbonne, onde estudou química, matemática e física. Neste novo país Marie iria vir a se tornar umas das cientistas mais brilhantes e bem sucedidas da história.


No novo país, Marie conheceu seu futuro marido, Pierre (figura 02), enquanto realizava pesquisas de pós-graduação no laboratório que ele supervisionava. A dupla se uniu devido ao seu interesse mútuo em magnetismo e gosto pelo ciclismo. Marie tentou retornar para trabalhar como cientista em seu próprio país, mas a Universidade da Cracóvia recusou-lhe um emprego, por nenhuma outra razão além dela ser mulher. Pierre então convenceu-a a retornar a Paris e obter o doutorado. Após o seu retorno em 26 de julho de 1895, eles decidem se casar. Marie Skłodowska agora se chamava Marie Curie.



No ano seguinte ao seu casamento, intrigada com a descoberta acidental de radioatividade do físico Henri Becquerel, Curie começou a estudar os raios de urânio juntamente com Pierre. Eles continuaram a buscar outros minerais na natureza que pudessem também apresentar atividade radioativa. Nessas pesquisas, eles desenvolveram uma técnica laboratorial denominada cristalização fracionada, que consiste em aquecer um material a elevadas temperaturas e resfriar gradativamente. Por meio desse processo, isolaram o Rádio puro e determinaram o seu peso atômico.


Dois anos depois, os Curies descobriram polônio - em homenagem à terra natal de Marie – e o rádio. Tais descobertas no campo da radioatividade os fizeram ganhar o o Prêmio Nobel de física com Becquerel em 1903. Desse modo, Marie Curie tornou-se a primeira mulher a receber o prêmio máximo da ciência. Mais tarde ela veio a se tornar também a primeira pessoa a ganhar dois prêmios Nobéis. Isso aconteceu em 1911, desta vez em química, pelo isolamento do rádio e outras realizações.


Apesar da fama e da reputação conquistadas, Curie ainda enfrentaria um inconveniente ainda maior que os próprios obstáculos que ela precisou superar para realizar as suas descobertas: o preconceito. Isso foi materializado com sua recusa a se tornar membro da Academia Francesa de Ciências (figura 03) por dois votos. Sua inscrição só se viabilizou porque Gabriel Lippman – Nobel em Física pela descoberta da fotografia colorida, amigo do casal e ex-orientador de Marie – se dispôs a ler o comunicado da pesquisadora em meados de abril de 1898. O seu trabalho só deixou de ser ignorado na academia quando o marido assumiu a coautoria das pesquisas. O próprio prêmio Nobel só lhe foi concedido devido ao empenho do seu marido junto ao comitê do Nobel: ele brigou para que o prêmio não fosse conferido a ele, ressaltando o papel de Marie à frente dos estudos. Ela acabara por ganhar junto ao seu marido o prêmio Nobel no mesmo ano em que foi barrada na Academia Francesa de Ciências.


Figura 03. Registro dos 29 participantes da edição de Solvey, em Bruxelas no ano de 1927. Marie era a única mulher a figurar entre os principais físicos e químicos da época. Fonte: Reprodução da Internet


Em um dia chuvoso de 1906, ocorre um fato trágico na vida de Marie: Pierre, que esteve em um almoço com colegas, foi interrompido de chegar a um segundo encontro em seguida. Ao atravessar um cruzamento com a Rua Dauphine, em Paris, foi atingido por um dos cavalos de uma carroça transportando equipamento militar. Acabou caindo sob uma das rodas do veículo, morrendo instantaneamente.


A morte prematura de Pierre, uma tragédia para Marie, não a impediu de seguir em sua brilhante carreira. No mesmo ano, no entanto, houveram também acontecimentos positivos em sua vida, tornando-se a primeira mulher a lecionar na Sorbonne, uma universidade frequentada por nove mil estudantes dos quais somente 210 eram mulheres. Hoje, o principal complexo médico e científico da França leva o nome de Marie e da sua irmã.


E mais do que desvendar os mistérios da radioatividade, Marie Curie também contribuiu para a saúde, desenvolvendo rapidamente aplicações médicas para suas descobertas. Durante a primeira guerra mundial usou do seu conhecimento em radiografia para instalar dezenas de estações móveis e permanentes de raios-X, o que ajudou os médicos a diagnosticar e tratar lesões no campo de batalha, esses complexos ficaram conhecidos como "petites Curies" (figura 04). Estes carros - pintados de cinzento com uma cruz vermelha nas portas - possuíam um sistema radiológico muito rudimentar mas bastante útil: um raios-X portátil, um dínamo, material fotográfico adequado, um cabo e cortinas. Ela treinou cerca de 150 enfermeiras para operar nestes aparelhos nos campos de batalha para que os feridos recebessem tratamento imediato a fim de localizar as balas facilitando as cirurgias, como também compartilhou dos seus conhecimentos aos médicos, afim de unir a anatomia radiológica aos seus conhecimentos de geometria. No final da guerra, havia instalado 200 unidades de raios-x nas zonas de combate da região da França e Bélgica, tendo atendido a mais de um milhão de soldados.


Figura 04. ‘’Petites Curies’’ Fonte: Reprodução da Internet


Os estudos de Marie Curie também foram muito importantes no tratamento do câncer. A cientista recolhia o gás que o elemento rádio emanava e enviava o material para diversos hospitais pelo mundo para tratar tumores por meio da irradiação. E foi por justamente essa doença que Marie veio a perecer mais tardiamente. O mesmo elemento que ajudava a tratar o câncer, descobriu-se posteriormente que também poderia causá-lo. Em meados de 1920, os perigos do rádio foram sendo evidenciados, mas sem antes causar a morte de vários funcionários do seu laboratório, que vieram óbito devido anemia e leucemia. A própria Marie também sofria dos efeitos da radiação, sendo provavelmente a pessoa que mais se expôs à esse fenômeno até hoje, vindo a falecer no dia 4 de julho de 1934, em decorrência de uma leucemia. Por conta da alta radioatividade a que Curie e os ambientes em que vivia e trabalhava eram expostos, o seu livro original até hoje só pode ser manipulado por pessoas usando roupas protetoras, já que ainda é altamente radioativo.


Outra herança de Marie foi sua filha Irène Joliot-Curie que, inspirada pela mãe, trabalhou com o marido, Frédéric Joliot, nos campos da estrutura do átomo e física nuclear, demonstrando a estrutura do nêutron e descobrindo a radioatividade artificial. O feito rendeu a Irène o Prêmio Nobel de Química em 1935, um ano após a morte da mãe.


Contudo, acreditamos que a maior herança que Marie Curie nos deixou foi o exemplo da uma mulher destemida e predestinada que primeiramente criou e depois aproveitou as oportunidades que surgiram em sua vida, e soube lidar e superar todas dificuldades. Cada empecilho que lhe surgiu ela transformou em potencialidade para conseguir realizar seus objetivos. Enfrentando as mesmas, ou até mais dificuldades que qualquer mulher enfrentava nesse período para fazer parte do universo masculinizado das ciências. É indiscutível que a sua história preconiza uma das maiores revoluções no âmbito cientifico. Hoje em dia, vários hospitais e centros científicos carregam seu nome, inspirando os profissionais, estudantes e futuros cientistas todos os anos.


Entre seus escritos, Curie deixou para trás esse pensamento: "Nada na vida deve ser temido, é apenas para ser entendido. Agora é a hora de entender mais, para que possamos ter menos medo".

 

Escrito por José Adilson Ramos de Carvalho e Thaís V. Batista Cavalcante

Revisado e editado por Marconi Rego Barros Jr.



Fontes:


http://www.bbc.co.uk/history/historic_figures/curie_marie.shtml https://www.history.com/news/marie-curie-facts

https://super.abril.com.br/historia/marie-curie-a-polonesa-mais-brilhante-do-mundo/

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