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ALBUMINA GLICADA: UM NOVO ALIADO NO DIAGNÓSTICO DA DIABETES MELLITUS

Atualizado: 23 de mar. de 2020

Nesse post você verá as características fisiológicas e bioquímicas da albumina glicada (AG) e sua utilidade clínica no DM comparando-a com o marcador mais utilizado na atualidade.

O Diabetes Mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, sendo assim uma doença metabólica crônica. Atualmente distribui-se mundialmente, configurando-se um árduo desafio para os sistemas de saúde mundiais.


A DM é classificada como do tipo I e do tipo II. A DM I é resultante primariamente da destruição das células β pancreáticas e normalmente causa a cetoacidose, podendo ser ocasionada por doenças autoimunes. A DM II é resultante, em geral, de graus variáveis de resistência à insulina e deficiência relativa de secreção desse hormônio. Este último ocorre mais comumente em indivíduos obesos com mais de 40 anos.


TABELA 1: Diferenças e similaridades dos dois tipos de Diabetes Mellitus.



Segundo International Diabetes Federation (IDF), a cada 11 adultos 1 possui DM, constituindo-se assim um total de 415 milhões de pessoas mundialmente afetadas pela doença, sendo que cerca de 193 milhões não dispõe do diagnóstico.



Nacionalmente no ano de 2013 o Brasil encontrou-se em quarto lugar no ranking dos países com mais indivíduos diabéticos, apresentando um total de 11,9 milhões de adultos acometidos (20-70 anos). Segundo a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), no período entre 2006 e 2016, houve uma elevação de 60% no diagnóstico da patologia, e cerca de 50% dos indivíduos que possuem essa patologia desconhecem o diagnóstico.


Os exames laboratoriais aplicados para a identificação da DM, definidos pela American Diabetes Association (ADA) e aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) são: glicemia de jejum, glicemia pós-pandrial ou, mais conhecida, como pós-sobrecarga de glicose, e a fração de hemoglobina glicada (A1C).



O principal teste para o acompanhamento glicêmico é o A1C, o constituinte mais significativo da hemoglobina glicada, que é sintetizada a partir de reações não enzimáticas da glicação. O exame da A1C sofre interferências em pacientes com anemias hemolíticas e carenciais, gestação, existência de hemoglobinopatias variantes e uremia.


Atualmente, a AG tem sido evidenciada como um novo biomarcador no acompanhamento glicêmico da DM. Esta glicoproteína é um componente das frutosaminas e não sofre intervenção da concentração de proteínas séricas. A AG possui um tempo de meia vida por volta de 3 semanas e, por conseguinte, apresenta taxas glicêmicas de curto prazo, não sendo necessário o paciente ficar de jejum para sua mensuração. Quando comparado com a A1C, a AG se apresenta como biomarcador mais especifico para monitoramento de DM, pois não irá sofrer interferências de processos hemolíticos, da presença de Hb variantes, da gestação e de anemias.



TABELA 2: Valores de referência.

 

Por Paulo Mafra e Geisiane Mafra

Editado e Revisado por Marconi Rego Barros Jr.



Fontes:

ADA – AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and classification of diabetes mellitus. Rev: Diabetes Care, 2015.

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IDF - INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION. IDF Diabetes ATLAS. Rev: Seventh, 2015

KOUZUMA, T. et al, Kit de teste de albumina glicada Lucica GA-L: um novo teste de diagnóstico para diabetes mellitus. Rev: Springer Link, 2010.

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MS – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Diabetes mellitus. Rev: Cadernos de Atenção Básica - n.º 16, 2006

NATHAN, D. M. et al, Relação da albumina glicada com os valores de glicemia e HbA1c e com retinopatia, nefropatia e resultados cardiovasculares no estudo DCCT / EDIC. Rev: Diabetes, 2014.

PIMAZONI, A. N. et al, Atualização sobre hemoglobina glicada (HbA1C) para avaliação do controle glicêmico e para o diagnóstico do diabetes: aspectos clínicos e laboratoriais. Rev: Jornal brasileiro de patologia e medicina laboratorial, 2009.

RENZ, P. B. Hemoglobina glicada (hba1c) no diabetes mellitus gestacional. Dissertação de Doutorado (Doutorado em Endocrinologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2018.


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