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COVID-19 E AS PANDEMIAS QUE ASSOLARAM A HUMANIDADE, ESTÁVAMOS PREPARADOS?

Atualizado: 24 de abr. de 2020

É possível equiparar o momento que vivemos agora com algum fato histórico? Inevitavelmente surgem quatro respostas: a peste negra, varíola a gripe espanhola e gripe suína. Chegou a hora de conhecer, então, as semelhanças e diferenças entre essas quatros ameaças do passado com o pesadelo que assola o nosso presente.

Um novo vírus denominado de Sars-Cov-2, colocou o mundo em alerta. Sendo considerado uma emergência de saúde pública de interesse internacional, é surreal reconhecer como algo microscópico mobilizou toda população mundial, alterando drasticamente nosso cotidiano e desafiando as autoridades e cientistas ao redor do planeta. Seu surgimento aconteceu na província de Wuhan, na China, em dezembro de 2019. A partir daí, o vírus foi se espalhando por diversos países, não sendo diferente com o Brasil. Até o último levantamento, logo antes da publicação desta matéria, o mundo totalizou 882,068 casos confirmados e um quantitativo de 42.368 mortes. No Brasil, há 10.282 casos confirmados e 434 mortes causadas pela ação desse vírus.


O mundo vem enfrentando pandemias desde os primórdios da sua existência, sendo relatada desde a Bíblia e os escritos romanos até as publicações científicas atuais. A importância destes grandes eventos epidemiológicos é tão grande que suas existências chegaram a mudar, muitas vezes, o curso da história. Quando uma peste atingiu os filisteus, foi dito que se deveu pelo fato desse povo ter tomado a arca do Senhor dos hebreus, sendo assim considerado um castigo. Nem Marco Aurélio, grande imperador de Roma e considerado como um dos responsáveis por um dos períodos mais prósperos deste império, deixou de ser vítima de uma pandemia, a peste Antonina, que assolou o império romano no século II.


Já no século XIV, a humanidade foi surpreendida por uma das maiores e mais trágicas pandemias da história: a peste negra, durou por vários anos causando milhões de mortes, possivelmente tendo levado a óbito cerca de um terço da população europeia. Como ainda não havia um desenvolvimento satisfatório da ciência na época, não se sabia as causas da peste e tampouco os meios de tratá-la. Com isso, é válido mencionar que a quarentena surgiu nesse período da história, sendo adotadas medidas de restrição de circulação entre as pessoas como uma forma de conter o que supostamente estava por trás da doença. Algumas destas pandemias são descritas na tabela abaixo.



Uma outra pandemia de grande significância histórica foi a varíola, doença que assolou a humanidade por muito tempo e que é provocada pelo vírus Orthopoxvirus variolae, da família Poxiviridae. Calcula-se que ao longo do século XX tenha causado entre 300 e 500 milhões de mortes. Em 1796, o naturalista e médico britânico Edward Jenner, idealizou a vacina da varíola, a primeira de todos os tempos, considerada uma descoberta de extrema importância na história da saúde pública mundial. Ainda em 1967, ocorriam 15 milhões de casos por ano, e no mesmo ano, a Organização Mundial de Saúde intensificou medidas para erradicar a doença utilizando a campanha de vacinação global. Em 1980, declarado pela OMS, a doença se tornou erradicada no mundo.


A gripe espanhola, também conhecida como gripe de 1918, foi uma pandemia do vírus influenza incomumente mortal, apelidada como a mãe das pandemias. Pressupõe-se que ela contaminou mais de 500 milhões de pessoas e que houveram entre 20 e 50 milhões de óbitos em todo o mundo, com uma taxa de letalidade entre 6% e 8% durante o surto. O grande vilão dessa pandemia também se deveu a ação de um vírus, o da Influenza A, o H1N1. Embora conhecida como gripe espanhola, o nome da doença tem uma história interessante. Com os países europeus em guerra, o número de mortos tanto nos campos de batalha como de doenças era censurado. A Espanha foi severamente atingida pela gripe e sofreu com um número elevado de mortes. Mas o país não estava em guerra e não sofria com a censura à imprensa. Lá, a gripe recebeu o nome de “gripe francesa”, enquanto em Portugal era chamada de gripe pneumônica. Mas as notícias que chegavam da Espanha corriam os países em conflito, e parecia, assim, para quem lia, que o país era o grande difusor da doença.



Militar de Emergência em Kansas (EUA) em 1918, durante a pandemia da gripe espanhola (Fonte: Reprodução da internet)


Muitos dos discursos das autoridades no início da pandemia de 1918, assemelham-se ao que vemos nos dias atuais, como pode-se observar em um trecho de jornal da época, tendo como objetivo conscientizar sobre as medidas de prevenção.



Trecho de jornal da época da gripe espanhola (Fonte: Reprodução da internet)


Um dos avanços decorrentes desta gripe foi estimular o desenvolvimento de sistemas de saúde pública no mundo já que, em muitos lugares, apenas a classe média ou os mais ricos podiam "se dar ao luxo" de ter uma consulta médica. Por sua vez, os menos favorecidos, ficavam a própria sorte, estando sujeitos a qualquer tipo de doença. Sem ter qualquer tipo de assistência médica, a população clamava por ações. Em pouco tempo algumas medidas foram tomadas, parecidas com as de hoje – isolamento, suspensão de aulas, de missas, fechamento de oficinas e fábricas, além da mobilização de recursos para o desenvolvimento de medidas de saúde empregadas atualmente para conter a disseminação durante um surto pandêmico.


A última pandemia enfrentada antes do Covid-19 tem sido alvo de comparações, sendo um subtipo do H1N1 que passou por mutação. Alguns especialistas apontam que a gripe de 2009 possui algumas semelhanças, como: formas de transmissão e combate. Segundo pesquisas, o vírus do H1N1 possui uma menor taxa de transmissão comparado ao que vivemos hoje. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que uma pessoa com H1N1 era capaz de infectar de 1,2 a 1,6 pessoa. Já para o coronavírus, um estudo divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (Centers for disease control and prevention - CDC) estima que essa taxa é de 2,79, ou seja, mais que o dobro do H1N1. Desta forma, O COVID-19 torna-se ainda mais perigoso se comparado a crise de 2009 desencadeada pela gripe suína. É importante salientar que, existem diferenças em relação ao grupo de risco - a população mais jovem e as gestantes não apresentaram quadros graves na atual pandemia. Contudo, ainda não há estudos suficientes para essa comprovação.


Portanto, é evidente que os cenários emergentes mencionados serviram como base para estratégias de redução de risco. Sendo possível observar um maior número de envolvidos na tentativa de atender a grande demanda, como profissionais de saúde e membros de equipe hospitalar. Assim como, as formações de redes para pesquisas clínicas com o intuito de viabilizar vacinas e medicamentos eficazes e, sobretudo, experiência para um enfrentamento de uma possível pandemia, dispondo de uma maior produção e distribuições rápidas frente a tais situações emergenciais.

 


Escrito por José Adilson Ramos de Carvalho e Thaís V. Batista Cavalcante

Revisado e editado por Marconi Rego Barros Jr.


Fontes:

Matos HJ. A próxima pandemia: estamos preparados?. Rev Pan-Amaz Saude. 2018 jul-set;9(3):9-11. Doi: http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232018000300001

Disponível em : <https://saude.abril.com.br/blog/tunel-do-tempo/semelhancas-covid-pandemias-passado> Acesso em 01 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/quais-as-diferencas-entre-a-pandemia-de-covid-19-e-da-gripe-suina-de-2009> Acesso em 01 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2020/03/do-coronavirus-a-gripe-espanhola-as-maiores-pandemias-da-humanidade> Acesso em 01 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26496604> Acesso em 01 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51824167> Acesso em: 02 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://www.minhavida.com.br/saude/temas/variola> Acesso em 02 de Abril de 2020.

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