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O RITMO DE CONTÁGIO NO BRASIL EM COMPARAÇÃO COM O RESTO DO MUNDO

Dados mais recentes de infecções e mortes pela Covid-19 no Brasil e comparação com os principais epicentros da epidemia no mundo.


A humanidade passa por momentos de grande tristeza e aflição em decorrência do novo coronavírus, até o momento, o mundo registrou 2.661,504 infectados pela doença enquanto a contagem de mortes no planeta pela infecção está em 185,504. O Brasil é o país latino-americano que registra mais contágios pelo COVID-19, estando a poucos dias de atingir o pico de novos casos e óbitos.


De acordo com as projeções feitas pelo ministério da saúde, as grandes capitais chegarão a essa fase entre o final de Abril e o início de Maio. A população brasileira está com algumas semanas atrasadas em comparação aos países europeus e norte-americanos que já chegaram ao ápice da curva. Podemos considerar uma boa notícia?


Quanto aos números, eles podem indicar uma situação preocupante quando comparamos com outros países que agora são o foco da crise (veja o gráfico 01 abaixo). O Brasil, ocupa a 11ª posição global em número de casos e também em número de óbitos, conforme o ranking da Organização Mundial de Saúde (OMS). O país, até o momento desta publicação, apresenta 40.814 pacientes diagnosticados e 2.588 óbitos em decorrência da doença. A lista é liderada pelos Estados Unidos (803 mil casos), Espanha (204 mil), Itália (183 mil) e França (155 mil). Já em relação aos óbitos, os países com os maiores números são: EUA (43.663 mortes), Itália (24.648 mortes) Espanha (21.282 mortes) e França (20.796 mortes).


Gráfico 01. Ritmo de contágio no Brasil e no mundo. Fonte: Época Negócios


Enquanto isso, algumas nações em todo mundo cogitam ou adotam medidas para amenizar o isolamento social, mas a OMS alerta que isso deve ser feito lentamente e somente quando houver capacidade de isolar casos e rastrear contatos. Na Espanha, após mais de um mês de quarentena, o Governo anunciou que vai autorizar que crianças façam caminhadas curtas, desde que acompanhadas por um adulto, ao passo que a Alemanha reabre algumas lojas com até 800 metros quadrados de área.


Com o propósito de prever a evolução do contágio do Brasil em comparação com outros países, o novo estudo avaliado pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS) - formado por pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial (DEI) e do Instituto Tecgraf da PUC-Rio, da Universidade de São Paulo e do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino – tem por finalidade atualizar as previsões do total de casos confirmados da doença COVID-19 para o Brasil e os estados de São Paulo e Rio de Janeiro para os próximos 10 dias (entre os dias 15 e 24 de abril de 2020). Para o cálculo, os pesquisadores se basearam em dados de alguns países com o crescimento similar de casos, foram eles: Itália, Espanha, França, Alemanha, Suíça e Reino Unido. Dentro dessa comparação, foram retirados países asiáticos como Irã, Coréia do Sul e China, visto que apresentaram um crescimento controlado da doença, em relação ao Brasil, quanto aos Estados Unidos sua exclusão foi justificada devido ao seu crescimento ter se apresentado maior que o nacional.


Os 5 cenários expostos no gráfico abaixo, foram feitos considerando 5 seguimentos para o Brasil: pior caso, pessimista, mediano, otimista, e melhor caso. Como podemos observar, o cenário mediano é de 40.984 casos até o dia 20 deste mês. O cenário de pior caso (60.413) implicaria que o Brasil se comportou, em todos os dias, como o pior país da comparação, enquanto que no cenário melhor caso (25.614), ocorreria justamente o oposto.


Gráfico 02. Predição do número de casos notificados da COVID-19 no Brasil entre o dia 15 e 24 de Abril de 2020. Fonte: NOIS


Para o país, o cenário mediano que o aguarda é um alcance de 37.270 casos positivos para o dia 24 de Abril, enquanto um cenário pessimista, prevê-se uma curva mais acentuada, atingindo um total de 40.590. A nota técnica afirma que as medidas de contenção e a adesão da população serão fatores decisivos para que a realidade se aproxime dos melhores cenários da projeção.


A Alemanha, até o momento, tem se mostrado uma exceção, com uma baixa taxa de letalidade diante dos outros países, com várias hipóteses sendo discutidas para essa boa performance. Os alemães, assim como os sul-coreanos, vêm mostrando ao mundo que uma das chaves para tentar barrar a pandemia é a realização de testes em massa da população. O déficit no Brasil em comparação com outros países é alarmante, o país é o que menos testa entre as 15 nações mais atingidas. Isso se deve devido a dependência de insumos importados para realização de exame, o que atrasa a testagem em massa da população. O boletim epidemiológico do Ministério da Saúde reporta uma possibilidade de ter um número muito maior de pacientes infectados e óbitos pelo novo coronavírus por causa da subnotificação.


Portanto, a comparação entre países sobre o coronavírus ainda é imprecisa, mas a sua progressão positiva em relação aos europeus e americanos pode ser um resultado das medidas de contenção que foram tomadas por alguns brasileiros logo no início da pandemia. Entretanto, é valido ressaltar que a propagação da doença ainda não está controlada, visto que o crescimento de casos confirmados segue se elevando, especialmente em direção à periferia das grandes cidades e das capitais para o interior. Destaca-se, ainda, que diferentemente dos outros países o Brasil determinou que em alguns de seus estados não fossem mais reportados os casos menos graves da doença. Este fato, além da falta de testes, da demora para a liberação dos resultados e na notificação dos infectados confirmados, pode interferir em uma visão mais precisa da evolução da epidemia no país, afetando, assim, diretamente nas estatísticas e no planejamento de ações para conter a disseminação do novo vírus.

 

Escrito por José Adilson Ramos de Carvalho e Thaís V. Batista Cavalcante

Revisado e editado por Marconi Rego Barros Jr.



Fontes:


Batista, et.al. Nota Técnica 8, 2020 15 julho, disponível em: <https://sites.google.com/view/nois-pucrio> acesso em 19 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://www.worldometers.info/coronavirus/> acesso em 19 de Abril de 2020.

Disponível em: <https://coronavirus.jhu.edu/map.html> acesso em 19 de Abril de 2020.

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